Mesa de cabeceira.

Eu sou um cara materialista.

Não materialista no sentido comum, de um cara que só dá valor às coisas materiais, às marcas e grifes. Aliás, esse tipo de materialista eu não sou mesmo...
É aquele materialismo em que você é apegado às coisas que te trazem lembranças, que estiveram com você em algumas situações. Sei lá... coisas que você tem na mesa de cabeceira. Um porta-retrato, um incensário, algum enfeite. Tem as coisas menos comuns, como conchinhas de praia, abajur, camisetas, pingentes, cartões, livros e por aí vai...

Dar valor a estas coisas, e guardá-las com carinho carregando-as de lembrança e valor, é ser materialista. Ser apegado ao mundo material. E isso eu sou mesmo! E muito apegado ao mundo material. Afinal estou seriamente desconfiado que é só este mundo que existe.

Mas sobre existir outro mundo ou não, isso é outra história. Estou falando daqui, das coisas que te lembram do que você passou. Eu, por exemplo, sempre guardo tudo quanto é tranqueira que ganho. Tranqueiras carinhosamente falando, é claro!

As coisas que você mais gosta, que te fazem lembrar os melhores momentos, geralmente ficam em um lugar que você vê com frequência. Eu as deixo na minha mesa de cabeceira. Como não cabem todas, as outras eu deixo nas gavetas, para sempre que puder dar uma olhadinha.

O único problema (e esse é foda) é que você não escolhe que lembranças associar à determinada coisa. De repente tem um efeite da sua namorada ali na mesa, mas daí vocês terminam aos tapas e você fica chateado. Aí, claro, aquele enfeite não vai te lembrar de coisas boas, mesmo que na ocasião tivesse sido um ótimo momento. Ou aquele livro que você ganhou do seu amigo, mas o filho da mãe foi lá e, sei lá, pegou a mina que você era apaixonado desde a 5º série. Você nunca mais vai ler o livro, mesmo que seu amigo o tivesse dado de coração.

Quando algo drástico assim acontece, e más recordações ficam impregnadas em um objeto em particular, você não quer mais ele ali. Alguns resolvem juntar tudo num saco e botar pro lixeiro levar, outros levam para algum terreno baldio e ateam fogo. Tem ainda os que jogam tudo pela janela enquanto gritam desesperada e histéricamente o nome da pessoa. Mas esta última reação é mais comum em mulheres louc... digo, veementes. Sem ofensas.

Eu, particularmente, prefiro guardar. Talvez em uma caixa, e colocar no alto de algum armário que eu não abra com frequência. É uma forma de preservar o que há de bom naqueles objetos. E ao mesmo tempo de me preservar de vê-los expostos da minha mesa de cabeceira, onde foram teimosamente impregnados com as lembranças ruins.

No final das contas fazer uma faxina na mesa de cabeceira é um símbolo de renovação. Deixar o passado para trás, seguir em frente. Afinal, aquele espaço da mesa poderá então ser ocupado novamente.

É assim que funciona...

E você? O que tem na mesa de cabeceira?
=D

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